A incrivel historia de aprendizado espontâneo
Em 4 minutos eles ligaram um aparelho
que nunca tinham visto.
Em duas semanas disputavam quem soletraria o alfabeto mais rapidamente.
Imagine crianças de 4 a 8 anos, da Etiópia, que nunca haviam tido contato com qualquer letra impressa, deparando com caixas de papelão fechadas, deixadas em suas aldeias como presentes.
Dentro das caixas havia tablets Motorola Xoom, recheados de programas educativos, livros, filmes e jogos.
O projeto One Laptop Per Child (OLPC), que já distribuiu 3 milhões de laptops para crianças de 40 países em desenvolvimento, fez a experiência e acompanhou de longe a reação delas. O fascínio dos pequenos etíopes pelo equipamento até então totalmente desconhecido comprovou a tese do astrônomo Neil deGrasse Tyson. Incentivador das ciências, Tyson partilha da convicção de que crianças já nascem cientistas, curiosas e aptas a explorar o mundo.
A equipe do projeto ensinou alguns adultos das aldeias a usar os painéis solares que recarregam os tablets e, uma vez por semana, retornava para trocar o chip de memória com o registro das atividades das crianças. Foram cinco meses de acompanhamento e os resultados impressionaram até Nicholas Negroponte, o presidente da OLPC, que diz: “Nós deixamos as caixas ali. Fechadas. Sem instruções, nada. Pensamos que as crianças iriam brincar com as caixas! Mas, em 4 minutos, uma delas abriu a caixa e encontrou o botão liga/desliga. Ela nunca havia visto um botão desses em toda a sua vida, mas mesmo assim ligou o tablet. Em menos de cinco dias, cada criança usava em média 47 apps por dia. Em duas semanas, elas já estavam cantando algumas canções em inglês. E, em cinco meses, já haviam hackeado o Android. Algum idiota em nossa organização havia desabilitado a câmera dos tablets! E as crianças perceberam que ali deveria haver uma câmera, por isso hackearam o Android para habilitá-la”.
O mais interessante é que, espontaneamente, as crianças criaram uma rede solidária de aprendizado, compartilhando entre si todas as descobertas que faziam. Uma das crianças, que brincava com aplicativos de alfabetização com imagens de animais, abriu um programa de desenho e escreveu a palavra “lion” (leão). Em duas semanas, elas estavam disputando quem soletraria o alfabeto mais rapidamente. Cinco meses depois, conseguiram ultrapassar a proteção do tablet e personalizaram seus aparelhos.
A experiência mostra o quão curioso e adaptável o cérebro humano pode ser. Esse princípio, aliado às facilidades dos dispositivos sensíveis ao toque, vem revolucionando o campo do aprendizado em níveis inimagináveis. No Brasil, os tablets touch screen estão sendo testados no tratamento de crianças autistas. A pesquisa, desenvolvida desde 2011 no programa de pós-graduação em educação da Universidade de Santa Cruz do Sul, está trazendo otimismo a professores e pais.
Ao dispensar o uso de canetas, lápis, teclados e mouses e o manuseio de páginas, o tablet tem se revelado uma ótima ferramenta no tratamento de distúrbios de aprendizagem aumentando a interação conseguida com o toque na tela. E o interagir, justamente, é uma das dificuldades dos autistas.
Com recursos cada vez mais avançados, os tablets vêm democratizando o acesso ao aprendizado ao desvendar conhecimentos por meio de ícones coloridos e estimulantes. As crianças da Etiópia provaram isso, os autistas brasileiros certamente trilharão, ainda que a um ritmo bem mais lento, caminhos libertadores, alcançando um novo patamar de compreensão.
Os pequenos etíopes, com sua história, ganharam fama em todo o mundo. Todos se espantaram com a facilidade com que interagiram com um equipamento totalmente estranho à sua rotina e a seus hábitos. Todos, menos o astrônomo americano Neil deGrasse Tyson. Quando lhe perguntam sobre o que fazer para despertar a curiosidade científica nas crianças, ele costuma responder: “Sair do caminho delas”. E – poderíamos completar – deixá-las a sós com um tablet.
Fonte: RCELL
Absolutamente, incrível.
Parabéns pelo site, desejo sucesso.